Pequeno, divertido e levemente irreverente. Tecnologicamente evoluído, pouco tem a ver com o mítico CRX que deixou de ser comercializado na segunda metade dos anos 90. A designação e as linhas sugerem-no, mas o CR-Z actual é como os tempos que se vivem: politicamente correcto, neste caso para com o ambiente. Existe um ditado que diz que não se fazem omeletes sem ovos. Aplicado aos automóveis, isso quer dizer que não se faz um desportivo sem um motor, ainda que, no caso em concreto, existam dois.Por isso, coloquemos já as coisas em pratos limpos: quem olha para o CR-Z como um descendente do mítico CR-X vai certamente ficar desiludido. Porque quem procura um desportivo, um bom e eficaz pequeno desportivo como a Honda tão bem sabe fazer, bem, para esses existe outra sigla: Type-R.O CR-Z é um carro para condutores que não sejam muito exigentes em matéria de prestações e, ainda assim, desejam um carro que seja vistoso e até certo ponto provocante, desembaraçado no trânsito e com algo de futurista. Sim! Porque este é um carro tecnologicamente bastante avançado, que não consome muito e por isso se vangloria de ser “amigo do ambiente”.Para ajudar à festa tem preços a partir de pouco mais de 22 mil euros, um valor terrivelmente competitivo e em grande medida só possível graças aos benefícios fiscais que advêm do facto de ser um híbrido.
Para desilusão de uns tantos fãs, a Honda anunciou já que não haverá versão mais potente do CR-Z.Embora a Mugen já tenha apresentado uma versão mais vitaminada do modelo, para já destinada somente às pistas.Teremos portanto que nos contentar com os 124 cv entregues pelo conjunto dos 2 motores.
No que toca aos consumos, 3 botões permitem seleccionar o tipo de condução: “Eco” de económica com acção de sistema “start/stop”, “Normal” ou “Sport”, sendo que a escolha implica variações de 5 a 8 litros na média consumida. Existem os típicos indicadores que aconselham a mudança mais correcta e ainda o estado de carga das baterias.
Mais importante é que o CR-Z, ao contrário de outros híbridos, tem caixa manual de seis velocidades. Isso acaba por ser um factor de divertimento importante da sua condução, mas impede-o de funcionar apenas no modo eléctrico.
O CR-Z reclama ter quatro lugares mas os 2 traseiros mais não servem do que para situações de emergência. Escasseia espaço para as pernas e sobretudo em altura, devido à inclinação do tejadilho. Escasseia igualmente bagageira (215 litros sem o rebatimento do encosto dos bancos), porque grande parte da volumetria é ocupada pela suspensão e pelas baterias. Em termos de conforto, o CR-Z é, efectivamente, um típico desportivo construído para boas estradas. Apesar de possuir grandes portas, o acesso é semelhante ao de um roadster. Tal como a visibilidade, ainda que esta seja beneficiada pela forma do vidro traseiro.
Um carro assim é inevitavelmente feito para proporcionar alguma satisfação. Para isso é preciso conduzi-lo em modo “sport”, retirando então todo o partido do conjunto. Claro que isso vai desencadear o aumento dos consumos, mas quem quiser andar sem se preocupar em salvar o planeta, passa a ter o painel de bordo iluminado em tons de vermelho. Que até é uma cor mais desportiva do que os “verdes” e os “azuis” que indicam estilos de condução mais regrados, só possíveis de manter quando se conduz nos modos “normal” ou “eco”. Sentados a meio metro do chão, com um volante e uma direcção tão participativas e ainda uma suspensão que se comporta bem em curva, quem se interessa em saber se ganhou mais uma plantinha por bom comportamento, daquelas que surgem no painel antes de desligar a ignição? Para isso “constrói” uma “farmville”, não é verdade?
Dados mais importantes |
Preço | desde 21670* (Sport) |
Motores | 1497 cc, 124 cv às 6100 rpm, 174 Nm às 4800 rpm (potência e binário máximos do conjunto dos 2 motores) |
Prestações | 200 km/h, 9,9 seg. (0/100 km/h) |
Consumos (médio/estrada/cidade) | 5,0 / 4,4 / 6,1 litros |
Emissões Poluentes (CO2) | 117 gr/km |
(*) acrescem despesas de preparação e pintura metalizada
Gama (quase) completa de híbridos
De entre todos os híbridos que já tive ocasião de experimentar, o CR-Z é aquele cuja condução se assemelha mais à de um modelo convencional. Tem caixa manual e até mesmo o sistema que desliga o motor de combustão em semáforos, por exemplo, e que o faz arrancar a uma pressão no pedal da embraiagem. A Honda desejou proporcionar um desportivo acessível (até por via da fiscalidade) e conseguiu-o com mérito. A gama de híbridos vai do acessível Insight, passa por um Civic de quatro portas mais familiar que entretanto deixou de se comercializar em Portugal e estende-se até ao utilitário Jazz. Há ainda este desportivo e haverá uma versão híbrida no próximo SUV Honda CR-V.
Claro que a condução do Honda CR-Z carece um pouco do temperamento que muitos gostariam, devido à menor capacidade de aceleração do conjunto. Mas consegue alcançar médias elevadas e tem uma presença marcante que o faz destacar-se por onde quer que passe. Com um motor convencional a gasolina de 1,5 litros, o eléctrico confere-lhe mais 14 cv e 78 Nm de binário. Não é possível arrancar ou andar em modo totalmente eléctrico. Com a opção “eco” os consumos médios reduzem-se a metade em relação ao “sport”, menos ainda do que certos motores a gasóleo. Embora, nesse caso, tenha uma desenvoltura confrangedora.
Bem equipado, com comandos ao alcance ainda que não totalmente intuitivos, no interior do CR-Z sobressai o jogo de cores que a parte central do velocímetro assume consoante o tipo de condução: vários tons de azul, verde e um belo vermelho que condiz com o pretenso desportivo do conceito.
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