Cativante!
AS AMBIÇÕES da marca coreana não são poucas; concorrer de igual com best sellers do segmento como o Golf, o Astra, o Mégane, o Civic e tantos outros com presença mais do que firmada no segmento e em diversos mercados. Dada a importância do projecto, não deixaram os créditos por mãos alheias: uma estética simpática, bonita até e nada oriental, que dá nas vistas mas sem exagerar ao ponto de chocar. E sobretudo uma sensação de espaço e de qualidade, que se demarcam do tradicional coreano e se aproximam das exigências europeias.
NÃO É APENAS sensação! Efectivamente, sem ser o mais comprido entre os concorrentes - têm até um «ar» bastante compacto -, a generosa distância entre eixos permite-lhe desfrutar de excelentes cotas de habitabilidade para os passageiros, sobretudo os do banco traseiro, independentemente das necessidades dos ocupantes dos dianteiros. Um pouco em prejuízo da mala é certo (o pneu de reserva é fino e meramente de emergência), embora os 340 litros acabem por ser bem aproveitados já que o espaço é bem esquadrado.
Além do espaço disponível e da boa acessibilidade, o Cee´d demonstra também uma clara evolução não apenas na escolha dos materiais, como no rigor de construção. Talvez se possa contestar o critério de escolha de alguns plásticos em locais menos visíveis, a verdade é que, pese embora a juventude da unidade ensaiada, a ausência de ruídos estranhos evidencia o cuidado colocado na sua montagem.
Aliás, mesmo em relação ao ruído do motor o habitáculo apresenta-se bem insonorizado, se bem que em determinados tipos de piso, se pressinta algum ruído de rolamento.
ORA SE EM MATÉRIA de qualidade demonstra uma evolução clara, a ergonomia interior também não desagrada. Não inova é verdade, nem se destaca por nenhum pormenor salvo talvez o bonito volante que além de mais proporciona excelente pega, mas a noção da funcionalidade é bem evidente quando, naturalmente, intuitivamente, encontramos e accionamos os comandos principais. O
tablier é bonito, agradável mesmo, e nada deve em matéria de design, com o revestimento macio a contribuir para a tal sensação de qualidade.
Essa é claramente a intenção deste carro nascido especificamente para a Europa e fabricado na Eslováquia. Que definitivamente pretende implantar a marca no exigente e por vezes muito conservador mercado do Velho Continente; nem que para isso, para convencer os mais cépticos e desconfiados quanto aos índices de fiabilidade (por acaso elevados, o grupo Hyundai de que a Kia faz parte possui bons índices de satisfação nos inquéritos a clientes regularmente realizados), ofereça uma garantia de sete anos ou 150 000 km aos principais órgãos mecânicos. Única neste segmento!
O que diz bem da importância da aposta!
NEM sempre é fácil, quando se pretende conciliar gostos abrangentes. Vejamos: a estrutura compacta garante-lhe uma boa capacidade de manobra, logo facilidade de condução. A visibilidade em condução e em manobra é igualmente boa, embora a inclinação e volumetria dos pilares dianteiros possam causar algum embaraço. Nada de transcendente.
Não se quedando pelo capítulo da habitabilidade e da ergonomia, neste último aspecto, o Cee’d proporciona vários pequenos espaços pelo habitáculo e sob o piso da mala. A estrutura dos bancos é igualmente boa no apoio proporcionado ao corpo; percebe-se como nada foi deixado ao acaso.
Chegados à parte do conforto, e no que respeita ao funcionamento da suspensão, é essencialmente um carro familiar e esta versão a gasolina acentua-lhe ainda mais essa vertente. O que explica porque razão, em curvas mais acentuadas, se verifique uma certa inclinação da carroçaria, sem com isso pôr em causa a segurança, ressalve-se. A suspensão mais branda e orientada para proporcionar o conforto, cumpre desse ponto de vista o seu papel, mas dificilmente oferece ao Cee'd um comportamento apaixonante. Nem essa deverá ser a sua pretensão!
SE A ESTRUTURA tradicional mas eficaz do conjunto de suspensão, sem lhe transmitir um comportamento dinâmico apaixonante, concilia bem as necessidades de conforto dos ocupantes sem o deixar o Cee'd ficar mal em estrada, as capacidades deste motor também não são de molde a desiludir os mais exigentes.
O bom escalonamento da caixa de velocidades e até mesmo a precisão e suavidade do seu funcionamento são uma agradável surpresa que contribui para uma condução descontraída. A evolução e elasticidade na desenvoltura do bloco 1.4 evidenciam o perfeito acasalamento dos dois órgãos mecânicos, mas, infelizmente, a franca disponibilidade do propulsor tem um reverso: os consumos dificilmente se podem considerar moderados. A verdade é que para manter a média anunciada pelo construtor é mesmo preciso fazer um andamento calmo...
A segurança, outra característica «cara» ao consumidor europeu, também não foi esquecida, com todas as versões a oferecerem, de série, seis airbags mas a relegar para a lista de opcionais o controlo de estabilidade.
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PREÇO, desde 17.600 euros MOTOR, 1396 cc, 109 cv às 6200 rpm, 137 Nm às 5000 rpm, 16 válvulas PRESTAÇÕES, 187 km/h CONSUMOS, 7,6/5,2/6,1 l (extra-urbano/combinado/urbano) EMISSÕES POLUENTES 145 g/km de CO2
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O Kia CEE'D em Portugal não possui uma gama alongada de motores e versões. Fica-se por enquanto pelos mais indicados apra as especificidades do nosso mercado, com um único bloco a gasolina (o ensaiado) e um outro a gasóleo, o conhecido
1.6 CRDi de 115 cv (a partir de cerca de 21500 euros), presente, por exemplo, no
Cerato.Também são dois os níveis de equipamento -
LX e
EX - a exemplo do que acontece em quase todos os outros modelos da marca, deixando para os opcionais a pintura metalizada, os vidros escuros, os estofos em pele, o tecto de abrir, o sistema de navegação e o
ESP. O nível primário contempla o
ABS com
EBD, airbags duplos, laterais e de cortina, ar condicionado manual, computador de bordo, rádio/CD/
MP3 com comandos no volante e os retrovisores eléctricos, pelo que os 2000 euros que distam entre as versões acabam por justificar o natural enriquecimento do nível EX.
Algumas versões possuem entrada USB e jack de 3,5 m/m para ligação de um leitor de MP3 por exemplo