Por uma questão de espaço...
QUANDO, há uns anos, se pronunciava o nome «Škoda», a associação a produtos de menor qualidade, menor preço e mais espaço interior, era quase inevitável. Parece que foi há muito tempo. No entanto, passam pouco mais de 10 anos sobre o lançamento do modelo antecessor do
Fabia, o
Felícia. Este, baseado numa versão construída quando o construtor checo ainda pertencia ao antigo «bloco do leste», foi o primeiro produto a herdar algumas soluções do Grupo VW, do qual a marca passou a fazer parte. A primeira geração do Fabia
surgiria algum tempo depois; inteiramente concebida de raiz à luz de uma nova filosofia, não só inaugurou uma nova plataforma, como pretendeu marcar a viragem na imagem de uma marca já centenária.
SE ESSA primeira geração representou um produto mais evoluído, de linhas modernas e tecnologia a par do seu segmento, este «segundo» Fabia representa um produto mais maduro, ainda mais espaçoso e versátil, sem abandonar o carácter popular e jovem que sempre o caracterizou. Um inicialmente estranho Skoda Rommster - que facilmente se entranha depois de experimentado -, o «5 portas», curiosas e irreverentes versões como o Tropper de tejadinho branco e, brevemente, radicais e apelativos desportivos, têm vindo a alargar a gama, ajudando a implantar um nome cada vez mais identificado com a imagem de qualidade do grupo germânico. Contudo, de todos, a versão break, combi para os puristas da marca, ou simplesmente carrinha, sempre mereceu uma aceitação muito especial devido à sua versatilidade familiar e de lazer. Razões para tal popularidade não lhe faltam: a habitabilidade - nomeadamente a capacidade da mala ao nível da classe superior - e um preço apelativo. As críticas quanto à qualidade dos materiais e dos acabamentos perderam sentido, ao alinhar com o segmento.
DERIVADO de um utilitário, o Fabia Break II continua a impor a habitabilidade como o trunfo mais importante. O banco traseiro oferece bastante espaço para a colocação das pernas, mas o túnel central torna-o mais indicado para dois ocupantes. A altura interior aumentou.
Com mais 25 cm do que o «5 portas», a capacidade da mala é quem mais beneficia desse acréscimo, ficando no limiar dos 500 l. Isso torna-a não apenas a maior entre os seus pares, como, inclusive, é superior à de algumas carrinhas do segmento médio. Contrariedade: embora a abertura da 5.ª porta seja ampla, o piso fica abaixo da linha do pára choques, dificultando o acondicionamento de objectos mais pesados e/ou volumosos. Vantagens... São várias: para além da capacidade, a existência de compartimentos laterais (abertos), sob o piso (o pneu suplente é igual aos restantes), uma divisão escamoteável para impedir que volumes andem a «passear» pela mala e uma chapeleira com funcionamento muito prático. Sem esquecer que a profundidade, com o banco traseiro rebatido, permite transportar de objectos mais volumosos como bicicletas.
COM SUSPENSÃO mais firme no eixo traseiro, de forma a poder suportar mais peso na zona da mala, a constituição dos bancos nem sempre é suficiente para contrariar reacções mais «secas» face às irregularidades. Em bom piso, os bancos dianteiros não carecem de falta de apoio, facilmente se encontrando uma posição de condução cómoda. O tablier, pouco criativo, revela funcionalidade e possui duplo porta-luvas, um dos quais refrigerado. Para além destes, existem pequenos espaços em número suficiente, inclusive no apoio de braços entre os bancos, opcional para algumas versões. A qualidade dos materiais oscila entre a evidência do plástico rígido e sólido ao toque e alguns (poucos) revestimentos suaves. A ausência de ruídos parasitas revela cuidados na montagem, embora a insonorização, pelo menos nesta versão diesel, seja um obstáculo a que se viva um melhor ambiente a bordo.
ALGO que já tinha apontado aquando do ensaio ao Fabia e ao Roomster dotados deste três cilindros. Derivado do famoso 1.9 Tdi, têm um trabalhar que se evidencia bastante e penetra no habitáculo desde as rotações mais baixas, agravando-se nas altas. Um pequeno óbice para um motor que revela energia suficiente para as pretensões familiares da break. Não sendo extraordinariamente ágil, o 1.4 TDi é bem coadjuvado por uma caixa de 5 velocidades bastante precisa, escalonada de forma a tirar partido de um binário elevado, cujo valor máximo fica além das 2000 rpm. Facilmente se obtêm consumos médios abaixo dos 5,5 litros. Face ao crescimento de propostas diesel numa faixa que vai dos 1.3 aos 1.6, é de crer que a VW esteja já a estudar um novo bloco de 4 cilindros mais actual e equilibrado.
QUANTO ao desempenho dinâmico, volto atrás para falar da estrutura do modelo. Comparado com a anterior, esta break é mais alta e tem uma linha de cintura mais elevada. Os pneus parecem, inclusive, mais pequenos. Isso faz com que, em curva, se acentue a sensação de adorno da carroçaria, mas sem representar insegurança ou desvio do comportamento. Embora mais longa do que o modelo de cinco portas e com uma linha traseira bastante semelhante, a break oferece melhor coeficiente dinâmico, contribuindo para a excelente estabilidade em alta velocidade e para a melhoria de prestações. A direcção, precisa, é um auxiliar precioso nas manobras, já de si facilitadas pela boa visibilidade e pelo fácil entrosamento do conjunto com o condutor.
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PREÇO, desde 19 000 euros MOTOR, 1422 cc, 80 cv às 4000 rpm, 195 Nm às 2200 rpm, 3 cilindros/6 V, injecção directa alta pressão/turbo CONSUMOS, 5,7/4/4,6 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 120 g/km (combinado)
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PARA JÁ, a opção a gasolina incide sobre o 1.2 de 70 CV ou apenas 65 com caixa de velocidades automática. A diesel, o ensaiado faz as honras. Curiosamente, os dois são blocos de apenas 3 cilindros. Há três níveis de equipamento, o mais baixo dos quais – Ambiente – inclui, entre outros, ABS, duplo airbag, incluindo laterais, ar condicionado, auto-rádio com leitor CD/MP3, banco do condutor e volante reguláveis em altura e profundidade, computador de bordo, faróis de nevoeiro, 4 vidros e retrovisores eléctricos e fecho centralizado com comando.