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Cockpit Automóvel - Conteúdos Auto



Segunda-feira, 20.09.10

Peugeot RCZ

Os franceses são um povo que gosta de coisas requintadas. Todos os anos Paris pretende ditar a moda, impor uma “nouvelle cuisine” e expressões como “nouvelle vague” tornaram-se tão familiares e abrangentes, que hoje servem para caracterizar quase tudo o que aparece de inovador e diferente. Não sendo exactamente um conceito novo ou que venha contestar algo, o RCZ simboliza também uma nova etapa na vida da Peugeot. Para marcar ainda mais a diferença surge com um novíssimo e estilizado Leão estampado nas extremidades. Em Portugal foi recentemente eleito "o desportivo do ano". Mas mais importante do que este prémio foi o público tê-lo considerado o carro mais bonito do ano de 2009 e actualmente ser um dos coupés mais desejados pelos consumidores europeus.
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Se há mérito que pode ser atribuído ao construtor francês é o conceber desportivos bonitos e vistosos. É assim apesar de no passado — e até bem recentemente —, isso ficar a dever-se ao facto das linhas serem encomendadas a centros de design italianos.
Que neste campo são uma grande escola.
O RCZ assinala dois factos importantes. Por um lado é o primeiro veículo ligeiro da Peugeot que não utiliza números na sua designação. Por outro, assinala os 200 anos de presença industrial da marca do leão.
E este é, sem dúvida, um belo representante para o fazer.

Emoção visual
Vamos a factos. A primeira ideia é a de que o RCZ tem como seu grande rival o Audi TT. Não é bem assim. O RCZ é maior — e por isso consegue ser menos claustrofóbico —, mas é igualmente mais confortável, sem perder a agressividade natural que se deseja neste tipo de carros.
Tem ainda uma silhueta bastante mais fluida e elaborada. A começar pela ondulação do vidro do tejadilho (também pode ser em fibra de carbono), responsável por grande parte do preço do carro…
Essa característica vinca-lhe a identidade e principalmente a aerodinâmica.
Para ajudar a controlar a parte traseira do carro, o condutor pode accionar um pequeno deflector que se posiciona consoante a velocidade do veículo.


Emoção racional
Em Portugal, por força das limitações legais, este Leão não pode mostrar muito as suas garras. Ensaiado primeiramente na versão a gasolina 1.6 com 156 cv (preço a partir de pouco mais de 30 mil euros), consegue ser, ainda assim, um dos mais acessíveis dentro do género. Acessível em termos de custo, mas igualmente em matéria de condução, já que o comportamento se revela bastante intuitivo e as reacções são quase sempre previsíveis.
A fórmula encontrada para este incremento de potência é a mesma ensaiada para uma versão desportiva do Peugeot 308 Sport 1.6 THP/150 cv (VER AQUI), do qual, aliás, o RCZ herda muitos elementos. Um turbo de pequenas dimensões, injecção optimizada e programação electrónica servem para assegurar estes 156 cv, ou mesmo 200 cv quando lhe é adicionada a distribuição variável e incrementada a pressão do turbo.
Tecnologia que a marca francesa tem vindo a desenvolver em conjunto com a BMW, com a qual partilha este motor para o Mini.

Emoção física
Para se encontrar a dinâmica desejada é necessário manter o regime acima das 2500/3000 rpm. Em todo o caso pareceu-me que a versão de 200 cv encontrava resposta mais rápida em regimes mais baixos e não vi significativas variações de consumos numa condução mais descontraída e menos exigente. Acelerações bruscas despertam uma reacção enérgica do conjunto em qualquer dos casos, embora, pela razão atrás apontada, a resposta seja mais rápida na versão mais potente.
Como é natural.
Respondendo com saudável precisão às manobras do volante, o movimento preciso e ágil da carroçaria, revela uma suspensão desportiva dinâmica, capaz de garantir não apenas a necessária segurança, como de transmitir a sempre ansiada sensação desportiva. A caixa, suave e precisa, proporciona até à quinta velocidade desenvoltura para o fazer, enquanto que a sexta se mostra claramente orientada para a poupança. Se a preocupação for essa, saiba que, apesar dos seus 156 cv, o RCZ é capaz de estabelecer uma média próxima dos 8 litros, mesmo que insista em acelerar um pouco ou se circule um pouco mais em cidade. A versão de 200 cv eleva menos de meio litro em relação a este valor.
Evidente que para tanto contribui a propalada fluidez aerodinâmica (ajudada por um centro de gravidade baixo), mas também o peso, pouco mais de 1300 Kg. Há contudo que dizer que a partir dos 100/120 km os consumos vão subindo de forma notória apesar da sexta velocidade.

Emoção real

Como características interiores, o RCZ presenteia o piloto com um posto de condução quase perfeito, auxiliado por umas belas “baquets” dianteiras e pela posição correcta dos pedais.
Realce para a presença de um auxiliar do arranque em percurso inclinado para facilitar a manobra do “ponto de embraiagem”.
Com a tipologia 2+2, que geralmente indica mais dois lugares meramente acessórios, o RCZ não foge muito à regra; aqui o espaço ressente-se naturalmente com as necessidades dos ocupantes da frente, além da forte inclinação do vidro traseiro desaconselhar o transporte de passageiros com maior estatura.
A capacidade da mala é contudo muito boa para o género (321 l), deixando adivinhar a possibilidade do RCZ vir a conhecer uma versão com capota retráctil. Parte do ganho é obtido à custa da ausência de pneu suplente (substituído por kit e bomba de ar), embora exista espaço para um de pequenas dimensões. O seu acesso é bastante prático devido à volumetria da abertura e os acabamentos de boa conta. O banco traseiro pode rebater aumentando significativamente o espaço de carga e permitindo transportar objectos mais longos.
No restante, boa visibilidade, excepto a condicionada pela inclinação e largura dos pilares dianteiros. Como é típico neste género de coupés, estes pilares e a altura ao solo condicionam em parte o acesso ao habitáculo, obrigando a uma certa ginástica a entrar ou a sair.
Os comandos estão colocados de forma acessível e bastante intuitiva. Alguns são por demais conhecidos de outros modelos. A qualidade de construção interior é elevada e pressente-se o recurso a materiais de qualidade. A versão de 200 cv ensaiada tinha o tablier inteiramente forrado a pele cozida (+ 3025 euros), inclusive sobre a zona do airbag para passageiro, conferindo um bonito efeito e muito boa aparência. Bancos em couro importam em 2320 euros. Apesar da altura do conjunto, o banco do condutor dispõe de regulação. Existem pequenos espaços entre os assentos e o porta-luvas, com ar condicionado, permite transportar uma garrafa de 1,5 litros.
Em manobra é ajudado por sensores de estacionamento, úteis por causa da menor percepção dos limites da carroçaria: o RCZ tem guarda lamas salientes e uma frente afunilada.

Dados mais importantes
Preços desde 30500 € / 33500 €
Motores
 1598 cc, 16 V, turbocompressor, intercooler
156 cv às 6000 rpm., 240 Nm às 1400 rpm
200 cv às 5800 rpm., 274 Nm às 1770 rpm
Prestações
215 km/h, 8,3 seg. 
235 km/h, 7,6 seg. (0/100 km/h)
Consumos (médio/estrada/cidade)
 6,7 / 5,2 / 9,3 litros
6,9 / 5,6 / 9,1 litros
Emissões Poluentes (CO2)155 / 159 g/km



Tracção total e maior economia

Uma das grandes novidades do RCZ, que começou a vida como um protótipo desenhado para se exibir em salões automóveis, é vir em breve a dispor de uma variante híbrida, com motor eléctrico de 37 cv acoplado às rodas traseiras. Juntamente com um motor convencional de tracção dianteira, o RCZ HYbrid4 será não apenas uma versão de tracção integral como garantirá uma maior economia de consumos.

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