No mundo actual, dois anos talvez seja muito tempo de vida de um automóvel sem mudar nada, ou mudando muito pouco. Contudo um conjunto de características mantém válido o mais pequeno (e acessível) coupé da marca sueca. Lançado no mercado em 2006, a Volvo renovou-o em 2010. E apesar do design expressivo que já tinha, esse refrescar da imagem alinhou-o com o estilo dos modelos mais recentes
Em relação ao ensaio publicado
AQUI, além de algumas alterações mecânicas, poucas mais modificações se registaram no Volvo C30. Ainda assim, por vezes convém lembrar a existência de automóveis diferentes, com os quais é difícil passar despercebido.
Mesmo quando eles já não são novidade ou transportam na chapa uma daquelas marcas que inspiram status, classe ou competição.
Não que um Volvo seja um carro qualquer. Ou proveniente de um construtor sem história. Pelo contrário, a Volvo comemora em Abril 85 anos e o prestígio, mas, sobretudo, a aposta permanente na segurança, continuam a ser valores intrínsecos desta marca nascida no norte da Europa.
Laranja mecânicaSe uma das razões da sua menor discrição parece residir no flamejante laranja metalizado que passou a fazer parte da nova palete de cores após a renovação, fazendo realçar uma silhueta já de si fora do habitual do carro, a verdade é que essa pintura também contribui para destacar os subtis apêndices desportivos do C30.
Apesar de se tratar de um coupé – e de um carro assim espera-se sempre algum desportivismo -, as preocupações da versão mais apetecível para o mercado português são, sobretudo, com o consumo e com o controlo das emissões poluentes.
Embora também esteja disponível com motores de 2.0 l/177 cv (diesel) ou 2,5l/230 cv (gasolina), um dos trunfos actuais do Volvo C30 reside exactamente no motor diesel 1.6 de 115 cv e na sigla “DRIVe” estampada na porta traseira.
Com um preço que principia nos 28 mil euros, esta versão foi homologada com emissões de 99 gr/km de CO2 e um consumo médio anunciado de 3,8 litros. Na verdade, apesar da eficácia e da rapidez do sistema start/stop e do escalonamento da caixa de seis velocidades, o consumo médio, obtido após o ensaio, superou em 2,0 litros esse valor.
No cômputo geral, o C30 é um carro agradável de guiar, tem uma direcção leve e participativa e mostra-se ágil o suficiente para garantir uma condução urbana descontraída. Mas esta versão só não coloca de lado algum apelo desportivo que a estética parece invocar, porque a “suspensão desportiva rebaixada” da versão ensaiada (+ €440) se mostra capaz de garantir bons resultados em termos de estabilidade (controlo electrónico de série), embora penalize no campo do conforto.
Traseira nostálgicaDuas avantajadas portas facilitam o acesso aos lugares traseiros, através de bancos que não dispõem de memória e obrigam a novos ajustes após o rebatimento do encosto. Atrás, nem o espaço ao dispor dos dois ocupantes, nem o da mala, podem considerar-se generosos. A bagageira, principalmente, tem uma capacidade algo reduzida - 251 l – e a chapeleira apresenta uma forma de abertura pouco usual. Mas existe pneu suplente.
O interior é confortável como um Volvo sabe ser e a sensação de qualidade está presente de uma forma natural. O C30 partilha muitos componentes com os modelos da gama seguinte, equivalendo-se à versão mais curta do S40.
Embora não seja tão evidente como o Beetle da VW ou o Mini actual, o abrupto “corte” traseiro que redundou na forma peculiar da porta de acesso à mala é uma recriação moderna de um modelo clássico do construtor dos anos 70: o Volvo 1800ES.
A Volvo Cars, actualmente detida pelo grupo chinês Geely, procura entretanto uma nova parceria para o desenvolvimento do substituto do C30. O modelo actual resulta da anterior ligação da Volvo à Ford e, tal como o S40, é baseado na geração anterior do Focus.
Dados mais importantes |
Preço (euros): | 28000 (DRIVe) |
Motores | 1560 cc, 115 cv às 3600 rpm, 270 Nm das 1750 às 2500 rpm, common rail, turbo com geometria variável |
Prestações | 193 km/h, 11,3 seg. |
Consumos (médio/estrada/cidade) | 3,8 / 3,5 / 4,3 litros |
Emissões Poluentes (CO2) | 99 gr/km |
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A importância da cor!
Apesar de ter sido lançado no mercado em 2006, nos dias em que ensaiámos o Volvo C30 foi difícil passar despercebido. O carro gerou tanto interesse que até parecia tratar-se de uma completa novidade! A razão estava no flamejante laranja que o revestia...
Há carros que chamam mais à atenção do que outros e percebe-se que isso aconteça perante a silhueta fora do habitual do Volvo C30, muito pouco “conservadora” para a imagem que se faz de um Volvo. Contudo, os amantes da marca sueca, fabricante de carros com grande reputação de segurança, sabem bem como ela foi várias vezes capaz de “romper” com os estereótipos e surpreender em termos estilísticos. Aliás, o C30 é a interpretação moderna de um desses conceitos e, seguramente, um bom exemplo de ousadia.
Lançado há quatro anos e alvo de ligeiros retoques em finais de 2009, não é um carro muito visto nas nossas estradas. Apesar de um motor particularmente económico e de ser o mais acessível dos “Volvos” presentes no mercado, essa mesma silhueta continua a ser tão capaz de agradar como de provocar sentimento inverso.
Mas a verdade é que nos dias em que o tive para ensaio, uma nova cor, muito pouco discreta (um flamejante laranja metalizado, opção que custa mais €780), capaz de lhe realçar as formas e ajudar a realçar os apêndices desportivos, gerou sobre ele tanto interesse como se de uma novidade se tratasse.
Como uma pintura mais apelativa pode fazer tanta diferença! O que só pode significar que este carro tem andado por aí demasiado discreto...
Traseira castrada
Como qualquer “coupé” que se preze tem duas avantajadas portas para facilitar o acesso aos lugares traseiros. Estes são suficientemente confortáveis para dois ocupantes, dispondo do espaço necessário para as pernas dos seus ocupantes, em parte porque o recuo dos pedais e a profundidade do tablier, levam o condutor a “chegar-se” mais à frente.
O C30 considera-se um “duas portas” e não “três”. A classificação deve-a à forma traseira, embora a porta se eleve como é habitual. A mala tem um acesso ligeiramente diferente por causa da chapeleira que a cobre, e dimensões reduzidas (251 l). Apesar de tudo aloja um pneu suplente.
O interior é confortável como um Volvo sabe ser e a sensação de qualidade também está naturalmente presente. É preciso dizer que o C30 partilha muitos componentes com os modelos da gama seguinte. Na realidade é como uma versão mais curta e desportiva do S40.
As alterações agora introduzidas no habitáculo são de pormenor e funcionalidade. A oferta inclui também revestimentos mais apelativos.
Potência contida
Um dos grandes trunfos do Volvo C30 é este motor diesel. Recebeu-o quando ainda fazia parte do grupo Ford (a Volvo foi comprada, recentemente, pelo maior grupo construtor automóvel chinês e, ironicamente, a primeira incursão chinesa no mercado europeu foi objecto de criticas, principalmente devido à segurança dos modelos apresentados), tal como grande parte da restante gama da marca sueca.
Este bloco foi desenvolvido em conjunto com o grupo PSA (Peugeot/Citroën), e, quase todos os modelos que o utilizam e estão à venda em Portugal, ostentam ainda a sigla “DRIVe” (ver caixa).
No cômputo geral, o C30 é um carro bastante agradável de guiar. Tem uma direcção leve mas informativa e descreve curvas com segurança. Apesar de uma estética desportiva, as preocupações desta versão são bem mais ecológicas. A suspensão mais firme da versão (esta “suspensão desportiva rebaixada” exige alguns cuidados com a frente em percursos mais irregulares), garante resultados em termos de estabilidade (controlo electrónico de série), mas não no campo do conforto.
PREÇO, desde 26000 euros MOTOR, 1560 cc, 109 cv às 4000 rpm, 16 V., 240 Nm às 1750 rpm, common rail, turbo de geometria variável, intercooler CONSUMOS, 4,6/3,3/3,8 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 99 g/km
“DRIVe” verde
Sigla que denuncia um conjunto de alterações destinadas a garantir melhores consumos. O C30, segundo a marca, é capaz de um combinado de 3,9 l por cada 100 km percorridos.
Embora na realidade estabelecesse uma média de 5,9 l, ainda assim pode considerar-se boa para o tipo de condução que pratiquei. Em grande parte porque as relações mais longas da caixa de cinco velocidades levaram-me a “esticar” um pouco mais as primeiras relações, algo que certamente não aconteceria se esta fosse de seis. A caixa, a par do sistema “start/stop” (que desliga o motor e o arranca automaticamente em semáforos, por exemplo), um indicador que aconselha a trocar de velocidade e um aperfeiçoamento aerodinâmico da carroçaria, são algumas alterações desta versão.