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Cockpit Automóvel - Conteúdos Auto


Segunda-feira, 19.09.11

ENSAIO: Ford Focus 1.6 TDCi (5 portas e SW)

O condutor faz o carro avançar lentamente ao longo de uma fileira de outras viaturas estacionadas. De súbito, a confirmação surge no pequeno painel digital: o sistema acabou de encontrar um lugar com tamanho suficiente para estacionar. A partir daqui quase tudo é automático. Ao piloto resta afastar as mãos do volante e engrenar a mudança que lhe é pedida ou travar, porque as restantes manobras de parqueamento são por conta do automóvel. Parece incrível, não é? Mas é bem real. O novo Ford Focus é não só capaz de estacionar quase sozinho, como ainda “lê” sinais de trânsito!

Depois do ponto de embraiagem automático, para auxiliar as manobras de arranque em subidas, depois da panóplia de ajudas à condução (controlo de estabilidade, alerta de transposição involuntária de faixa, detecção de objectos no ângulo morto do espelho ou até mesmo um sistema que trava e diminui automaticamente a velocidade perante a presença de um obstáculo a uma distância pré-definida), eis, para além do resto, um automóvel capaz de estacionar sozinho.


“Mix” tecnológico…

Contudo, quem pensar que a tecnologia que equipa a nova geração do Focus se fica por aqui está redondamente enganado. Há mais. Este novo familiar médio é “global”, ou seja, destinado a ser comercializado em todos os mercados onde a marca americana está presente. Por conseguinte, pode dispor de máximos que acendem e apagam automaticamente para proporcionar maior visibilidade ou impedir encadeamentos, pode equipar-se com itens tão “banais” como o controlo electrónico de estabilidade, limitador de velocidade ou o comando da velocidade de cruzeiro, sensores de luzes, pressão dos pneus, chuva ou de estacionamento e ainda avançados dispositivos de som e de navegação.
Cereja no topo do bolo: um sistema que detecta e reconhece sinais de trânsito. Acabaram-se, por isso, as desculpas para as distracções.

… mas que se paga

É um facto que (quase) tudo isto faz parte da lista de opcionais. Embora os 25 000 euros que custa a versão de entrada, com motor diesel 1.6 de 95 cv, já incluam muita coisa. Para levar para casa o motor de 115 cv há que juntar mais um milhar. Ou €2500 se desejarmos algum equipamento só disponível para o nível “Titanium”. Depois é ir somando “packs”: o mais caro, que entre outras coisas contempla estacionamento e reconhecimento de sinais de trânsito, orça os 1200 euros; o pack fumador apenas €10 e um pneu suplente mais €50 ou €90 dependendo da sua dimensão.

Exterior maior não melhora a habitabilidade

Há carros que são grandes por fora, de forma a seduzirem com mais espaço interior. Outros há que não precisam nem de uma coisa, nem de outra, para satisfazer o condutor.
É o caso deste novo Focus, um modelo que continua a destacar-se por uma condução prática e bastante agradável. Porque, apesar de se manter compacto (ainda que com mais uns centímetros face à anterior geração), continua a não ser o mais espaçoso do segmento.
Ora se para alguns consumidores isso pode não satisfazer, até porque os pouco mais de 360 litros da mala também não constituem referência, os condutores que privilegiam a agilidade, o raio de acção e a visibilidade não irão certamente ficar desiludidos.
O mesmo acontece com a versão SW (carrinha) que tive a oportunidade de conduzir. Com motor igual, apesar dos quilos a mais que apresenta, fruto do acréscimo de quase 20 cm no comprimento (4556 mm para 4358 mm do 5 portas), move-se com desembaraço e agilidade no trânsito urbano.
Uma vez que a plataforma é comum a todas as formas de carroçaria, não existem significativas alterações no que concerne ao espaço dos ocupantes do banco traseiro. Há somente uma maior sensação de desafogo, graças ao prolongamento da secção traseira. Mas, na carrinha, os 490 litros de capacidade da mala são mais condizentes com um uso mais familiar. Realce para a facilidade do seu acesso por um portão traseiro com abertura ampla, apesar da forma horizontal dos respectivos farolins.
Tenho, contudo, de confessar que o Ford Focus SW, sem perder o mesmo estilo compacto e aerodinâmico da berlina de 5 portas, é bastante mais atraente, sedutor e capaz de gerar admiração por onde passa.

Dinâmica ambiental

O Ford Focus é, antes de mais, um familiar pragmático e fácil de dirigir. Os 115 cv reclamados pela variante do motor diesel 1.6 TDCi (a outra queda-se nos 95 cv) indiciam alguma moderação para o entusiasmo que esse valor possa gerar à partida.
Digo isso porque, este mesmo motor (desenvolvido em conjunto com o grupo PSA e, por causa disso, utilizado tanto em carros das marcas francesas com pela própria Volvo ou até mesmo a Mini) é capaz de atitudes bem diversas de modelo para modelo, mas principalmente consoante o tipo de transmissão.
A razão está – mais do que provavelmente – nas preocupações tidas com o consumo e com o ambiente. Isso mesmo é o que parece indiciar o valor baixo de emissões das versões equipadas com sistema “Stop/Start”, com relações mais longas da caixa de seis velocidades.
Efectivamente, muito desse constrangimento é mais perceptível em pequenas deslocações urbanas do que em estrada aberta. Nessas circunstâncias, até porque a boa aerodinâmica ajuda, quando lhe é exigido mais do ponto de vista mecânico e, sobretudo, quando se puxa um bocadinho mais pelas rotações, o conjunto respira imediatamente uma outra dinâmica.

Um “boost” para ajudar

A função “overboost” disponibiliza uma força extra para os momentos em que se torna útil e necessário um acréscimo momentâneo de binário, neste caso dos 270 para os 285 Nm. Além disso, o sistema de gestão do motor monitoriza permanentemente a abertura de válvulas, a pressão do turbo, a posição do acelerador, o ponto de ignição, a pressão e distribuição da injecção de combustível, e o sensor de detonação a uma impressionante velocidade de um milhão de vezes por segundo.
De salientar que a tecnologia “overboost” aliada a uma gestão “inteligente” do motor está também disponível para os motores a gasolina. Inclusive no bloco de 3 cilindros e 1,0 l de cilindrada que constituirá a base do futuro Ford B-Max que chega em 2012.
Quando se opta por um estilo de condução mais empenhado, esta tende a tornar-se mais sensitiva para o “piloto”. Logicamente que a presença de anos da Ford na competição automóvel contribuiu muito para o desenvolvimento desta nova geração. Porque a sensação que se tem é que o comportamento e as capacidades dinâmicas melhoram, consoante também aumentam as exigências por parte do condutor.
Com caixa manual de seis velocidades, o consumo médio do ensaio da versão 1.6 TDCi com 115 cv foi ligeiramente inferior aos 6 litros. Claramente acima dos 4,2 anunciados. Surpresa foi o facto de quer o modelo de cinco portas, quer a carrinha, apresentarem consumos praticamente idênticos.

Dados mais importantes
Preços finais desde:
 5 Portas
€ 24920
(Trend/95 CV)
€ 27520 (Titanium/115 CV)
 SW
€ 25 670 (Trend/95 CV)
€ 27 270 (Titanium/115 CV)
Motores
1560 cc, 115 cv/3600 rpm, 270 Nm das 1750 às 2500 rpm (285 Nm Overboost), common rail, turbo com geometria variável
Prestações
193 km/h, 10,9 seg. (5p.)
11,1 seg. (SW)
Consumos (médio/estrada/cidade)
4,2 / 3,7 / 5,1 litros
Emissões Poluentes (CO2) 109 gr/km

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