Segunda-feira, 28.02.11
Completamente novo e assumidamente orientado para a cidade ou para percursos não muito complicados fora do alcatrão, o Kia Sportage, nesta versão 1.7 CRDi "isg" de apenas duas rodas motrizes, revela-se um conjunto preocupado com o estilo. A atitude simultaneamente mais madura conjuga com uma imagem jovem, e até irreverente sob determinados aspectos, que pretende cativar novos públicos. Pisca igualmente o olho à economia: na poupança dos consumos desta versão, graças ao sistema “stop & go” e a outras alterações mecânicas, mas também à carteira de potenciais clientes, através de um preço de entrada de pouco mais de 27 mil euros, chave na mão.Nascido em 1993, o Kia Sportage conquistou desde logo por uma estética engraçada mas também – e sobretudo – por causa de uma inesperada competência face ao preço deveras simpático a que era comercializado.
Desde então tudo, ou quase tudo, mudou. O SUV coreano mantém o nome e a popularidade, mas as responsabilidades são sem dúvidas maiores. A Kia não é mais uma marca desconhecida que precisa da ajuda de um preço aliciante para se impor e a qualidade dos seus produtos cresceu na directa proporção em que também aumentaram as suas responsabilidades e se torna mais difícil perdoar erros de principiante.
Menos TT
O novo Sportage, que este ano começou a ser comercializado no nosso País, é simultaneamente um carro mais adulto e bastante menos inocente do que o modelo da primeira geração. Mas também menos competente do que este era quando as rodas abandonam o alcatrão.
Ou talvez não. O facto é que ao não beneficiar de uma altura tranquilizadora em relação ao solo (cerca de 17 cm) ou de não dispor de qualquer ajuda para a condução fora de estrada, também não incentiva a que o tentemos. E até talvez mesmo as versões com quatro rodas motrizes (a partir de agora também disponíveis em Portugal) estejam mais indicadas para pisos de neve ou gelo, do que para trilhos mais acidentados.
A seu tempo comprovaremos e daremos conta disso.
Snob?
Seguindo a tendência do seu segmento, aquilo que pode com clareza afirmar-se é que o Sportage subiu de escalão e aburguesou-se. Isso fica bem patente no conforto que proporciona e é perceptível na qualidade de construção, no equipamento que disponibiliza e nas preocupações com a insonorização do habitáculo. Há pormenores que agradam, que se revelam bastante práticos, há itens de tecnologia actual como as ligações para fontes externas de som e há, sobretudo, bancos cómodos e envolventes que ajudam a que viaja, mas principalmente a quem o conduz. Além de se revelar prática e bastante acessível, a boa capacidade de manobra é facilitada pelas dimensões. Apesar de medir menos de 4,5 metros de comprimento, a habitabilidade do Sportage é bastante aceitável. O espaço da mala talvez não impressione à primeira vista, mas a verdade é que o construtor reclama quase 600 litros de capacidade. Há que contar com muito mais espaço sob o piso e, aleluia!, mesmo assim, um pneu suplente igual aos restantes.
(Eco)nomias…
Parte da responsabilidade do preço a que é proposta esta versão no nosso País, respeita ao motor diesel de 1,7 litros e à carga fiscal que sobre ele incide. Não apenas por causa da cilindrada como também das emissões mais baixas que a sigla “ISG” na traseira ajuda a explicar.A unidade motriz mostra-se bastante competente na sua função em cidade, fornecendo quase continuamente binário sem necessidade de grandes trabalhos com a caixa de velocidades. Apesar das relações mais longas (e poupadas) que esta apresenta. Por falar em consumos, estes revelam-se realmente comedidos para o peso e configuração do conjunto, fixando-se a média do ensaio claramente abaixo dos sete litros. Parte da responsabilidade pode efectivamente ficar a dever-se ao sistema “stop & go”, realmente rápido a responder, quer na paragem como no arranque. Mas também aos pneus de baixo atrito que traz montados, embora a estes também se deva o comportamento menos bom em pisos com aderência mais complicada.
Senhor da cidade
Apesar do chassis parecer bastante robusto, característica que vêm-se tornando regra nos modelos mais recentes da marca, o local em que a rigidez torcional parece querer evidenciar realmente competência é sobre o alcatrão e no ambiente urbano. Só que a suspensão algo branda que esta versão em particular evidencia, mostra maiores preocupações em assegurar conforto e contraria em parte alguma dessa vontade. Nomeadamente quando obriga a refrear os ânimos em curva, embora o Sportage nunca deixe de se mostrar seguro ou previsível. Mas se consegue isso à custa de algum entusiasmo e paixão da sua condução, não correrá o “risco” de se tornar mais um SUV previsível, fácil de conduzir e seguro a reagir.Afinal que mais pode desejar o condutor habitual de um SUV?
LER AINDA A PROPÓSITO DESTE ENSAIO A SEGUINTE NOTÍCIA:
Dados mais importantes |
Preços desde | 26 896 (LX) |
Motor |
1685 cc, 16 V, 115 cv às 4000rpm, 225 Nm às 2000 rpm |
Prestações |
173 km/h, 12,8 seg. (0/100 km/h) |
Consumos (médio/estrada/cidade) |
5,8 / 4,2 / 6,0 litros |
Emissões Poluentes (CO2) | 135 gr/km |
Outros modelos KIA recentemente ensaiados
* Kia Carens 2.0 CRDi EX 7 lugares
* Kia Cee’d 1.4 CVVT
* Kia Cee’d S Coupe 1.4 CVVT ISG EX
* Kia Cee'd SW 1.6 CRDi (2009)
* Kia cee´d SW 1.6 CRDi
* Kia Cee'd S Coupé 2.0 CRDi TX
* Kia Picanto 1.1 CRDi
* Kia Picanto 1.1 CRDi Sport
* Kia Soul 1.6 CRDi
* Kia Sorento 2.2 CRDi 4x2
* Kia Venga 1.4 CVVT/90 cv
* Kia Venga 1.4 CRDI ECODynamics
Autoria e outros dados (tags, etc)
Segunda-feira, 14.12.09
Prático e eficaz
Menos de dois anos depois de escrever sobre este carro (VER AQUI) volto a ele, pela simples razão de ter passado a beneficiar de uma série de melhoramentos que o deixam ainda mais apelativo
São carrinhas como esta que ajudam a fazer a reputação de um construtor: bonitas, bem construídas e eficazes na sua função principal. Atrás da designação não têm (ainda, mas cada vez isso é menos verdade) uma marca popular e sonante, como aquelas que ajudam certos consumidores a decidir-se por razões de imagem. Mas a verdade é que o símbolo da Kia se vê cada vez mais nas nossas estradas, e a culpa disso acontecer não está apenas no facto de disporem de uma boa relação preço/qualidade.
Boa aparência...
Além do bom "aspecto" exterior, a verdade é que a nova geração de modelos do construtor coreano consegue ombrear, quer seja em termos de design, funcionalidade ou qualidade de construção, com o que de melhor e mais bonito o segmento oferece.
Ora, na senda do sucesso que é a versão coupé do Ceed (
VER AQUI ENSAIO VERSÃO 1.4 ISG), e como ficar parado muito tempo, sem novidades, nunca foi boa política, quem de direito decidiu renovar as versões carrinha e 5 portas deste familiar médio. Em termos de imagem, ficaram mais próximos do ar dinâmico e desportivo do Ceed Coupe, graças a uma nova frente. Já mecanicamente, receberam uma nova afinação do chassis, tornando o comportamento mais preciso; ligeiras melhorias no desempenho do motor, trouxeram maior economia nos consumos. Como? Com a excepção de uma versão, instalando-lhe o sistema "Stop & Go" da Bosch, para ajudar a poupar nas paragens. Esta é a razão da sigla ISG, numa versão que devido às baixas emissões poluentes recolhe benefícios fiscais e pode entrar no programa de abate de viaturas antigas.
… e bom comportamento
Ainda que se mantenham em comercialização motorizações 1.4, a gasolina, e 2.0, a gasóleo (esta sem ISG), as versões mais interessantes, pelo menos para o nosso país, assentam sobre este bloco diesel 1.6 CRDi de 90 ou 115 cv.
À "boleia" de tudo isto reposicionaram-se preços e níveis de equipamento. De resto - e não é pouco -, continua a ser um carro espaçoso e bastante familiar. Espaçoso porque alberga confortavelmente os ocupantes, à frente e atrás, mas também porque a sua bagageira, com quase 550 litros, é uma das maiores da classe. Isto sem o carro perder a forma compacta que o torna tão prático de dirigir em cidade ou de efectuar manobras de estacionamento. É um pouco largo, é certo, mas isso é a razão da habitabilidade, além de ajudar a proporcionar muitos pequenos espaços no interior.
De um tablier que visa não desagradar os que prezam uma imagem mais tradicional, mas também não desiludir jovens que gostam de alguma ousadia, destacaria a mais-valia funcional. Comporta ligações USB e jack para ligação de fonte externa de som. Trata-se, afinal, de um modelo desenvolvido e construído na Europa, para agradar a consumidores europeus.
Apenas poderá agradar menos o revestimento dos bancos de algumas versões.
Quanto à garantia, mantêm-se nos sete anos ou 150 000 km para os principais órgãos mecânicos.
Em algumas ocasiões, uma condução precisa consegue até proporcionar algum entusiasmo.O bom comportamento deve-o principalmente à afinação correcta da suspensão, agora menos branda em curva mas sem perder conforto. Do motor 1.6 mais potente pode dizer-se que ficou mais económico. Mas na
prática não muito. Mesmo se auxiliado por uma belíssima caixa de seis velocidades, que lhe confere bastante elasticidade do seu desempenho.
Um pouco ruidoso a frio e a baixa rotação, o resto é o que se sabe: nos semáforos... motor "stop"; pedal da embraiagem a fundo e... motor "go"!
PREÇO, desde 25 400 euros MOTOR, 1582 cc, 115 cv às 4000 rpm, 16 V., 255 Nm entre as 1950 e as 2750 rpm, Injecção Directa common rail com turbo de geometria variável (VGT) CONSUMOS, 5,1/4,3/4,6 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 122 g/km
Autoria e outros dados (tags, etc)
Segunda-feira, 29.06.09
Fintar a crise
Numa altura em que o preço dos combustíveis e o ambiente estão na ordem do dia, utilizar os dois para justificar uma versão que contribua para dinamizar as vendas num sector que não conhece os seus melhores dias é sempre uma boa ideia…
Venham as boas notícias, que das más já estamos todos um pouco cansados! Ora é o preço dos combustíveis que torna a subir, ora é por causa da poluição automóvel que o ambiente na Terra está pior… Como se já não bastasse, paira por aí uma crise económica e de confiança que parece ter vindo para ficar mais tempo do que todos nós certamente gostaríamos, levando a que as vendas de automóveis em quase todas as economias ocidentais estejam a cair a pique.
Contudo, quando quase tudo parece jogar contra, eis que se aplica aquela velha máxima que diz que é em tempo de crise que surgem as boas ideias e se fazem bons negócios. Isto tudo para dizer que a reboque de políticas fiscais tendentes a beneficiar os veículos menos poluentes, alguns construtores apressaram-se a criar versões que recorrem a alguns truques para, no final e em situações muito particulares, apresentarem um nível médio de emissão de CO2 mais baixo. O que as torna mais baratas.
Economizar
A fórmula é simples: oferecer ao consumidor, por um preço mais baixo que se deve a uma menor carga fiscal, um carro que, ainda por cima, anuncia ser capaz de andar mais quilómetros por menos dinheiro. Parece bom negócio, não é?
Na realidade é. Mesmo que na prática algumas premissas não funcionem exactamente como são anunciadas no papel. Mas se tivermos em linha de conta que por causa do sistema que tem instalado consegue ser nalguns casos mais barato, e ainda por cima vem com mais equipamento, outros valores se levantam.
Para isso ser possível, e não tendo o grupo coreano ainda desenvolvido um sistema próprio, recorreu à Bosch e instalou um cada vez mais vulgar "stop and go". Para quem está menos familiarizado, trata-se de uma tecnologia que faz o motor desligar, por exemplo em semáforos ou em situações de engarrafamento e arrancar rapidamente mal é pressionado o pedal da embraiagem.
Existem também pneus de baixo atrito, mas, na prática, é preciso andar muito em cidade ou em filas de trânsito para verificar alguma diminuição nos consumos.
O bom de tudo é que o temos ainda direito a uma bateria com maior capacidade, um motor de arranque reforçado e um alternador que só carrega quando para isso não tem que sobrecarregar o funcionamento do motor.
Até porque as capacidades da motorização 1.4 a gasolina e o escalonamento da respectiva caixa de cinco velocidades, apelam a uma condução tranquila se a intenção é realmente controlar os consumos; há potência, sim senhor, mas o binário está algures lá em cima, nas 5000 rpm, e quem desejar encontrá-la ou deixar-se tentar por explorar a boa arquitectura comportamental do conjunto, bem pode começar a penitenciar-se pelo (mau) ambiente que poderá deixar aos netos!
Quem não gostar ou achar desnecessário o seu uso, porque a média geralmente não abandona os 8 litros, existe sempre a possibilidade de desligar o sistema.
Projecto europeu
No restante e não é pouco, o conjunto Cee'd revela a importância de um projecto nascido na Europa para agradar a europeus: uma estética terrivelmente sedutora no caso concreto do "3 portas" — designado "S Coupe" em Portugal ou "pro_Cee'd" noutros mercados —, e um interior funcional, que beneficia do espaço que a boa largura e a elevada distância entre os eixos lhe proporcionam.
Acresce uma qualidade de materiais e de acabamentos ao nível dos padrões actuais.
Conduz-se e manobra-se bem, se bem que a visibilidade seja condicionada, nalguns ângulos, devido, por exemplo, à volumetria dos pilares dianteiros e dos próprios retrovisores. A ergonomia é boa, a funcional e a respeitante ao conforto proporcionado pelos bancos, que oferecem bom apoio para o corpo mas que pecam por necessitar de novos ajustes depois do acesso aos lugares traseiros. Os 340 litros de capacidade da mala são possíveis devido a um pneu de emergência fino.
A segurança, característica «cara» ao consumidor europeu, também não foi descurada, contendo de série seis airbags que ajudaram o Kia Cee'd a conquistar a classificação máxima nos testes de colisão Euroncap, ou até mesmo as 4 estrelas em 5 no que concerne à protecção de crianças.
A gama oferece uma garantia de 7 anos!
PREÇO, desde 18340 euros
MOTOR, 1396 cc, 109 cv às 6200 rpm, 137 Nm às 5000 rpm, 16 válvulas CONSUMOS, 7,0/5,0/5,8 l (extra-urbano/combinado/urbano)
EMISSÕES POLUENTES 137 g/km de CO2
Autoria e outros dados (tags, etc)