Em tempo de crise juntam-se esforços e concertam-se energias. O grupo francês PSA, detentor das marcas Peugeot e Citroën, e o gigante americano General Motors anunciaram a criação de uma Aliança estratégica mundial que assenta em dois pilares principais: partilha de plataformas de veículos, componentes e módulos e a criação de uma “joint-venture” de compras à escala mundial (para produtos e serviços), com um volume de compras combinado de 125 mil milhões de dólares. Trata-se de um movimento vulgar no sector automóvel que recrudesce em tempos de crise.
A General Motors, que esteve à beira da falência no rebentar da bolha económica nos EUA e foi salva da falência pela injecção de dinheiros públicos, e o prestigiado construtor francês continuarão, contudo, a comercializar veículos de modo independente e de acordo com a sua própria política comercial.
A GM (Opel, Chevrolet, Vauxhall, Buick e Cadillac, entre outras) foi, ao que tudo indica, o grupo construtor que mais vendeu em 2011, beneficiando dos problemas da Toyota derivados do terramoto que assolou o Japão e das graves cheias na Tailândia, em 2011.
O grupo francês é o segundo maior grupo construtor inteiramente europeu e a produção acumulada para as duas marcas permite que se mantenha regularmente entre os 10 maiores fabricantes mundiais de veículos.
No âmbito deste acordo, a General Motors entra em 7% do capital e torna-se no segundo maior accionista da PSA Peugeot Citroën, atrás do grupo da família Peugeot.
Objectivos imediatos e futurosTrata-se de um acordo benéfico para ambas as partes. Para os franceses permitirá a entrada de recursos financeiros e o acesso ou o reforço da presença em mais mercados, nomeadamente os emergentes, além de uma importante economia de escala. Mas para os americanos, este acordo importa também pelo acesso ao desenvolvimento técnico que a mecânica francesa representa no segmento dos motores diesel e na tecnologia de controlo das emissões poluentes e das energias alternativas.
Por isso, a partilha de plataformas permitirá aos dois grupos desenvolver aplicações à escala mundial e implementar programas de novas concepções a custos significativamente mais reduzidos. Numa fase inicial, a PSA Peugeot Citroën e a General Motors desejam concentrar-se nos veículos particulares de passageiros, nomeadamente nos segmentos de pequeno e médio porte, nos monovolumes e nos «crossovers».
Posteriormente, os dois parceiros pretendem desenvolver, em conjunto, uma nova plataforma para veículos com baixas emissões de CO2. Os primeiros automóveis produzidos com esta plataforma conjunta começarão a ser comercializados em 2016. Nos termos do acordo, a PSA Peugeot Citroën e a General Motors deverão partilhar um certo número de plataformas, módulos e componentes numa base mundial.
Outros exemplos de uniãoEste tipo de “encontro de vontades” não representa nada de inédito e é muito semelhante aquele que, num tempo bem recente, foi firmado entre a também francesa Renault (curiosamente, em meados dos anos 80, a empresa também foi ajudada economicamente pelo governo francês) e a japonesa Nissan.
Nos tempos que correm, muito poucos são já os fabricantes automóveis que agem inteiramente sozinhos. Se é que ainda existem!
Por isso, ao longo da história do automóvel são vários os exemplos de união e partilha de esforços, quer na concepção de modelos como do seu fabrico. Ou até a aquisição de empresas, dando posteriormente lugar, ou não, ao desaparecimento das marcas. Trata-se de um movimento que geralmente ocorre em alturas de crise económica, como aquele que há cerca de uma década aconteceu na Coreia e que levou à formação do grupo Hyundai/Kia, actualmente o quarto maior em volume de produção.
A General Motors foi detentora da marca sueca Saab, comprada em 1990 e vendida a um grupo económico em 2010. Actualmente em processo de insolvência resta-lhe a esperança de poder ser adquirida por um grupo construtor chinês, a exemplo do que aconteceu com a também sueca Volvo. Aliás, empresas chinesas são detentoras de outras marcas europeias com grande historial, como é o caso da Rover.
O grupo Fiat (Fiat, Alfa Romeo, Lancia e Ferrari, entre outras) foi outra empresa que, depois de ultrapassar momentos de dificuldade, consolidou recentemente o seu crescimento económico com a aquisição da maioria das acções da construtora americana Chryler (Chrysler, Dodge, Jeep…). Curiosamente, em 1998, este centenário construtor americano (que na Europa comercializou as marcas Sunbeam, Singer, Hillman e Simca, por exemplo), deu lugar à então maior aliança da história automóvel, quando se uniu com a conceituada Daimler-Benz, fabricante dos prestigiados Mercedes. O desencadear da crise económica nos Estados Unidos precipitou o fim deste acordo em 2009.
Na Europa, contudo, o caso mais conhecido de concentração é o do gigante alemão VW. Em 2011 conquistou a segunda posição do raking dos fabricantes, possuindo, no seu cartel, um leque de marcas de respeito: VW, Audi, Seat, Skoda, Bentley, Scania, Lamborghini, Man, para referir apenas as designações ainda activas.
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Compincha!
É inevitável. Olha-se para um carro destes e apetece logo levá-lo por
maus caminhos!...
Nas linhas que se seguem, irão encontrar, poucas vezes, expressões como conforto, economia ou facilidade de condução. Em contrapartida, irá falar-se em eficácia fora da estrada. E estilo. Muito estilo.
Estilo, porque perante um carro destes, a vontade que se tem, depois de o "montar" com umas "jeans" a preceito, é a de colocar um chapéu à "cowboy", acender o cigarro com um fósforo previamente raspado na bota de montar e "apertar" com ele.
Contudo, se a primeira ideia é pirosa e a segunda politicamente incorrecta nos dias que correm, a terceira é de interpretação múltipla: em estrada, "apertá-lo" pode revelar-se perigoso para a condução e para a carteira; fora dela, quanto mais complicado for o trilho a percorrer, mais agradável será essa inolvidável experiência.
Único!
Como o Jeep Wrangler, não creio que exista no mercado carro que reúna um conjunto tão próprio de características e aptidão para o todo-o-terreno, e seja capaz, ainda assim, de proporcionar algum conforto. O Land Rover é, talvez, o exemplo mais próximo, se bem que ainda menos refinado, confortável e, seguramente, menos divertido de conduzir.
No Wrangler, a versão mais acessível, de duas portas e apenas dois lugares, já era, para efeitos fiscais, homologada como "pick-up". Logo, alvo de menor carga fiscal. Graças ao nosso sistema tributário tão "sui generis", o importador nacional conseguiu classificação idêntica, como veículo de trabalho, para esta carroçaria de quatro portas, uma vez que a zona da mala dispõe de tejadilho amovível.
E ainda bem, porque é desse modo possível, por menos de 40 mil euros, ter um verdadeiro... jipe!
Apaixonante
Ao escrever sobre o "2 portas" (AQUI), divaguei sobre o facto das coisas apaixonantes da vida não terem que ser necessariamente perfeitas. É o caso do Wrangler. Em termos de conforto, qualidade dos materiais ou até mesmo do equipamento (os vidros eléctricos traseiros, por exemplo, só têm comandos à frente) está longe da "perfeição" irrepreensível de um SUV ou até mesmo de certas "pick-ups". Só que o Wrangler tem uma personalidade que atrai! De que forma é difícil explicar; é como um companheiro fiel, incapaz de nos abandonar ou nos deixar ficar mal, por mais degradado que seja o caminho para onde o conduzamos.
Para tanto, não basta ter um chassis alto e robusto, suspensão eficaz ou motor potente. Há que saber combinar todas as valências destes componentes e é nisso que o Jeep Wrangler é realmente extraordinário. Não se pode pedir mais conforto para os ocupantes sem sacrificar estas características, a insonorização deficiente deve-se ao uso de materiais de limpeza fácil e ao facto de a carroçaria ser tão modular: pode "destapar-se" integralmente, em três fases, transformando-se num descapotável radical; portas e pára-brisas podem adoptar mais do que
uma configuração; e a capota tanto pode ser em lona como em fibra.
Mais estável
O Wrangler de 4 portas, em virtude da maior distância entre eixos, é mais estável em estrada e em velocidade do que o modelo de apenas duas. A tal não é alheio a adição de uma barra estabilizadora dianteira, activa e desligável electronicamente. Ou o controlo de estabilidade, igualmente desactivável.
Embora, à partida, não pareça ter muita capacidade de aceleração, com a transmissão automática do modelo ensaiado a cortar parte do ímpeto inicial, é possível manter uma velocidade de cruzeiro relativamente elevada. Em auto-estrada, tanto este género de caixa como o "cruise control" revelam-se de uma comodidade extrema.
Na realidade, em todo-o-terreno, é o binário quem mais conta e esse é ainda maior com a caixa automática. Nos caminhos mais complicados, pelo conjunto de factores atrás descritos, muitas vezes nem é necessário engrenar a tracção total. Bons ângulos de ataque, de saída e ventrais também contribuem. Para casos extremos ou por precaução, a engrenagem do eixo dianteiro é feita através de um segundo manípulo, que serve igualmente para as redutoras.
Consumos... Bem. A média do ensaio rondou os 11 litros. Não se pode considerar um exagero num conjunto que pesa mais de duas toneladas e tem a movimentá-lo um motor de 2,8 litros e transmissão automática de apenas quatro velocidades.
PREÇO, desde 37 500 euros MOTOR, 2777 cc, 177 cv às 3800 rpm, 460 Nm das 2000 às 2600 rpm, 4 cil./16 V, injecção directa/turbo VGT CONSUMOS, 12,6/8,4/9,9 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 263 g/km