Para quê mudar quando já se têm um produto quase, quase perfeito? Se é verdade que “em equipa que ganha não se mexe” — e a marca japonesa ganhou muito, em termos de imagem, com o Mazda6 —, também não é menos verdade de que há que dar novos e melhores motivos de escolha ao consumidor. É que, ao ritmo a que as novidades se sucedem, com novos carros e versões a surgirem a um ritmo alucinante, nenhum construtor arrisca manter determinado modelo sem alterações durante um longo período de tempo. Mesmo que seja só dotando-o com mais equipamento ou aperfeiçoando alguma característica sua, após retocar aqui ou ali uns pormenores na carroçaria, os senhores do marketing passam a ter argumentos para — “voilá” — anunciar um modelo “novo”. E foi assim que nasceu o “novo” Mazda 6. Pronto para nova ronda, em rigor e em concreto, nem é muito diferente do anterior: é apenas melhor!
O que mudou então? Para começar, a silhueta ganhou maior fluidez aerodinâmica e surgiram pequenos detalhes cromados na carroçaria. Reforçado o ar terrivelmente sedutor que já tinha, grande parte dos melhoramentos introduzidos na carroçaria, visam permitir melhores consumos e menores emissões poluentes. De resto, aliás, muitas alterações de que os modelos beneficiam destinam-se a fazê-los cumprir as cada vez mais exigentes normas ambientais em vigor na Europa.
Por isso todas as mecânicas foram optimizadas reduzindo atritos; os sistemas de alimentação e combustão ficaram mais eficazes; e as motorizações diesel, que são aquelas que mais interessam para o mercado europeu (e português em particular), ganharam novos filtros de partículas, mais eficientes na retenção de poluentes no circuito de escape.
Qualidade real e não aparente
Como é habitual nestes casos, o construtor reivindica melhoria dos materiais e maior rigor na montagem. De facto, embora o Mazda 6 não pareça querer convencer com demasiados revestimentos suaves, a percepção que fica é de solidez e de resistência ao desgaste.
O que realmente é transmitido é um enorme prazer na condução deste carro. Prazer intrínseco às qualidades de eficácia mecânica — sobretudo porque assente sobre uma das plataformas mais deslizantes que conheço —, mas igualmente pela introdução de funcionalidades que facilitam a circulação em cidade, como é o caso do sistema de auxílio ao arranque em subida, evitando que o veículo descaia quando se solta o pedal do travão.
A presente geração do Mazda 6 tem a virtude de oferecer propostas mecânicas capazes de satisfazer diversos gostos: duas versões a gasolina com 1,8 e 2,0 litros que, devido às características do mercado português, despertam menos interesse; e a partir de um mesmo bloco a gasóleo (2,2 l), três níveis de potências: 129, 163 ou 180 cv.
Tive nas mãos a variante carrinha mais potente (a partir de 41 mil euros) e o “5 portas” de 129 cv (a partir de 32 mil euros). Se no primeiro caso era perceptível uma maior facilidade de recuperação e um comportamento mais aguerrido quando o conjunto era provocado, não é menos verdade que o motor se mostrou muito suave e surpreendentemente económico, quando o propósito era um andamento mais familiar. Apenas o conforto se ressente em piso mais irregular, naturalmente por causa da afinação da suspensão e dos pneus, orientados para um comportamento dinâmico mais exigente.
No entanto, sem nunca mostrar qualquer constrangimento, os 129 cv foram suficientes para permitir médias elevadas à berlina, com espantosa capacidade de recuperação devido a dois factores: uma excelente e bem escalonada caixa de seis velocidades e um binário que se mostra muito capaz logo a partir das 1500 r.p.m. Graças a estes dois factores e a uma propensão (esteticamente pouco assumida) familiar, a média de consumo ficou pouco acima dos seis litros. Na carrinha, com mais peso e mais 50 cv, esse valor quedou-se abaixo dos 7,5 litros.
PREÇO, desde 32500 eurosMOTOR, 2184 cc, 129, 163 e 180 cv 16V, common rail, turbo geometria variável, intercooler e filtro de partículas
CONSUMOS, 6,6 a 6,9/4,4 a 4,5/5,2 a 5,4 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES CO2, 138 a 143 g/km
Algumas versões possuem ainda indicadores da aproximação de veículos, pelas laterais, no chamado “ângulo morto” dos retrovisores e ligação automática dos “piscas” alertando quem vem atrás para uma travagem de emergência.
Há ainda possibilidade de abertura das portas sem chave, sistema de navegação, sistemas de som mais evoluídos, enfim, uma panóplia de itens que o segmento do Mazda 6 já não dispensa oferecer, como opcional ou equipamento de série do modelo, consoante a versão.
Sem ser das propostas exteriormente mais espaçosas, a disponibilidade interior é francamente boa. Tanto na versão de 5 portas como na carrinha, malas amplas e com bom acesso justificam o que acabei de afirmar: 510 litros no primeiro caso, 519 na station wagon. Este valor sobe aos 1751 litros com o rebatimento dos bancos traseiros.
Uma actualização deste modelo pode ser lida
AQUI, num texto referente ao ensaio de uma derradeira versão da geração: Mazda 6 SW Navi Series.