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Produção de conteúdos dirigidos ao grande público. Tem como actividade principal a realização de ensaios a veículos de diferentes marcas e a divulgação de notícias sobre novos modelos ou versões.
Questões práticas
Como esta proposta não há mais no mercado. Será motivo suficiente para ter sucesso? Ou falta-lhe algo mais do que o preço para que poder vingar em Portugal?
Preteridas, em parte, a favor da versatilidade, segurança e capacidade de alguns furgões comerciais, a oferta de "pick-up's" ligeiras, como esta Dacia, não é vasta. Para falar verdade, de semelhante, à venda em Portugal, encontro apenas a Fiat Strada, cujo preço, também com motor diesel, é praticamente 5000 mil euros mais elevado.
Para construir a pick-up, a marca romena, subsidiária da francesa Renault, partiu da base do Dacia Logan MCV, modelo já aqui analisado. Para tanto, reforçou e aumentou o curso da suspensão — passou a ter uma distância ao solo de cerca de 16 cm — e protegeu a parte inferior do motor.
A carroçaria fechada, encurtada aos dois lugares dianteiros, estende-se um pouco mais para trás destes, originando um espaço suplementar bastante útil para guardar, com segurança, duas malas de viagem ao alto, por exemplo.
Questão 1: Economia
Há apenas uma única versão, concebida para ser prática e económica.
Por isso despida de grande parte de equipamento de conforto: os vidros tem comando manual, só há airbag para o condutor e fecho centralizado, sem comando, somente a partir da porta do condutor. Tudo isto e ainda ar condicionado, faróis de nevoeiro ou rádio, entre outros, constituem opção.
O painel de bordo não sobre grandes alterações em relação ao MCV; ganha simplesmente um espaço extra no lugar do segundo airbag. Os materias, como então escrevi, são de qualidade económica, com algumas arestas em zonas inferiores, mas aparentemente robustos e, pela ausência de ruídos parasitas, fixos e encaixados de forma conveniente. Por falar em ruído, a insonorização não é o forte do Logan pick-up; o barulho do motor é uma constante.
O carácter prático passa também pelo uso de materiais de limpeza fácil e pela funcionalidade do interior. Refira-se que a economia inicial no uso de algumas soluções, destina-se também a ter reflexos na manutenção. Quer seja pelo custo das peças como na facilidade do conserto. Afinal, veículos como o Dacia destinam-se, em grande parte, a mercados emergentes, onde nem sempre existem grandes centros oficinais.
Questão 2: Capacidade
Isto abona a seu favor. Ou pelo menos deveria, o tempo encarregar-se-á de confirmar a sua robustez. À partida, temos um chassis reforçado e uma excelente mecânica de origem Renault, de onde provem também muito do equipamento como, por exemplo, o painel de instrumentos, oriundo de um anterior clio. Mas a jóia da coroa é, sem dúvida, o económico e competente motor 1.5, aqui numa variante de 70 cv, suficiente para as "encomendas".
Encomendas essas que pode transportar na sua vasta caixa de carga, fruto dos 2,9 metros que tem de distância entre os eixos. Chegámos, pois, ao ponto mais importante e que o distingue em relação aos restantes. Nesta área, com 1,8 m de comprimento e 1,36 de largura, o Logan pick up apresenta um volume útil de carga de 2,5 m3 e 800 kg de capacidade. A zona dispõe de 16 pontos de fixação (consoante as versões) para garantir um transporte seguro e um acesso à caixa facilitado por um taipal que suporta 300 kg. O tapete de carga é opção.
Questão 3: Condução
Com uma condução prática e até certo ponto cómoda para um veiculo que nasceu para ser um comercial, esta pick up é suficientemente desembaraçada em alturas de menos carga. Na falta de peso traseiro, a zona tende a "soltar-se" em curva, mas nada de preocupante e apenas consequência natural da afinação da suspensão, preparada para suportar maiores pressões. De resto, a elevada distância entre eixos faz com que apresente tendência para alargar a trajectória, recomendando também alguma cautela durante manobras mais "apertadas".
PREÇO, cerca de 11000 euros (9200 sem IVA) MOTOR, 1461 cc, 70 cv às 4000 r.p.m., 160 Nm às 1700 rpm, 8 V, Common Rail, turbo, CONSUMOS, 6,2/4,8/5,3 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES 140 g/km de CO2
Aproveitamento comercial
Há uns anos, a checa Skoda fez sair, com algum sucesso, uma versão semelhante do Felícia que, graças a um artifício inteligente, "ganhava" 3 lugares extras traseiros. O modelo recolheu grande aceitação entre um público jovem e irreverente, a quem agradava a novidade, um estilo diferente e versátil, mas principalmente um preço acessível. Pintada com cores vistosas e contrastantes, Portugal acabaria por ser o país europeu onde se venderam mais modelos desta versão.
A Renault Portuguesa, importadora Dacia para o mercado nacional deveria aproveitar a ideia e criar uma versão igualmente apelativa e vincadamente direccionada para públicos-alvo. Como escrevi mais acima, a capacidade e versatilidade de alguns veículos com caixa traseira fechada versão Van, também existente na gama Logan), retira algum espaço comercial a estes carros, daí a oferta ser tão escassa no nosso país e até mesmo em grande parte da Europa. No entanto, para particulares, há "nichos" de mercado que talvez valha a pena explorar.
Uma boa base já existe. Agora há que conseguir moldá-la para obter resultados convincentes. O marketing encarregar-se-á do resto...
Compincha!
É inevitável. Olha-se para um carro destes e apetece logo levá-lo por
maus caminhos!...
Nas linhas que se seguem, irão encontrar, poucas vezes, expressões como conforto, economia ou facilidade de condução. Em contrapartida, irá falar-se em eficácia fora da estrada. E estilo. Muito estilo.
Estilo, porque perante um carro destes, a vontade que se tem, depois de o "montar" com umas "jeans" a preceito, é a de colocar um chapéu à "cowboy", acender o cigarro com um fósforo previamente raspado na bota de montar e "apertar" com ele.
Contudo, se a primeira ideia é pirosa e a segunda politicamente incorrecta nos dias que correm, a terceira é de interpretação múltipla: em estrada, "apertá-lo" pode revelar-se perigoso para a condução e para a carteira; fora dela, quanto mais complicado for o trilho a percorrer, mais agradável será essa inolvidável experiência.
Como o Jeep Wrangler, não creio que exista no mercado carro que reúna um conjunto tão próprio de características e aptidão para o todo-o-terreno, e seja capaz, ainda assim, de proporcionar algum conforto. O Land Rover é, talvez, o exemplo mais próximo, se bem que ainda menos refinado, confortável e, seguramente, menos divertido de conduzir.
No Wrangler, a versão mais acessível, de duas portas e apenas dois lugares, já era, para efeitos fiscais, homologada como "pick-up". Logo, alvo de menor carga fiscal. Graças ao nosso sistema tributário tão "sui generis", o importador nacional conseguiu classificação idêntica, como veículo de trabalho, para esta carroçaria de quatro portas, uma vez que a zona da mala dispõe de tejadilho amovível.
E ainda bem, porque é desse modo possível, por menos de 40 mil euros, ter um verdadeiro... jipe!
Apaixonante
Ao escrever sobre o "2 portas" (AQUI), divaguei sobre o facto das coisas apaixonantes da vida não terem que ser necessariamente perfeitas. É o caso do Wrangler. Em termos de conforto, qualidade dos materiais ou até mesmo do equipamento (os vidros eléctricos traseiros, por exemplo, só têm comandos à frente) está longe da "perfeição" irrepreensível de um SUV ou até mesmo de certas "pick-ups". Só que o Wrangler tem uma personalidade que atrai! De que forma é difícil explicar; é como um companheiro fiel, incapaz de nos abandonar ou nos deixar ficar mal, por mais degradado que seja o caminho para onde o conduzamos.
Para tanto, não basta ter um chassis alto e robusto, suspensão eficaz ou motor potente. Há que saber combinar todas as valências destes componentes e é nisso que o Jeep Wrangler é realmente extraordinário. Não se pode pedir mais conforto para os ocupantes sem sacrificar estas características, a insonorização deficiente deve-se ao uso de materiais de limpeza fácil e ao facto de a carroçaria ser tão modular: pode "destapar-se" integralmente, em três fases, transformando-se num descapotável radical; portas e pára-brisas podem adoptar mais do que
uma configuração; e a capota tanto pode ser em lona como em fibra.
Mais estável
O Wrangler de 4 portas, em virtude da maior distância entre eixos, é mais estável em estrada e em velocidade do que o modelo de apenas duas. A tal não é alheio a adição de uma barra estabilizadora dianteira, activa e desligável electronicamente. Ou o controlo de estabilidade, igualmente desactivável.
Embora, à partida, não pareça ter muita capacidade de aceleração, com a transmissão automática do modelo ensaiado a cortar parte do ímpeto inicial, é possível manter uma velocidade de cruzeiro relativamente elevada. Em auto-estrada, tanto este género de caixa como o "cruise control" revelam-se de uma comodidade extrema.
Na realidade, em todo-o-terreno, é o binário quem mais conta e esse é ainda maior com a caixa automática. Nos caminhos mais complicados, pelo conjunto de factores atrás descritos, muitas vezes nem é necessário engrenar a tracção total. Bons ângulos de ataque, de saída e ventrais também contribuem. Para casos extremos ou por precaução, a engrenagem do eixo dianteiro é feita através de um segundo manípulo, que serve igualmente para as redutoras.
Consumos... Bem. A média do ensaio rondou os 11 litros. Não se pode considerar um exagero num conjunto que pesa mais de duas toneladas e tem a movimentá-lo um motor de 2,8 litros e transmissão automática de apenas quatro velocidades.
PREÇO, desde 37 500 euros MOTOR, 2777 cc, 177 cv às 3800 rpm, 460 Nm das 2000 às 2600 rpm, 4 cil./16 V, injecção directa/turbo VGT CONSUMOS, 12,6/8,4/9,9 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES CO2, 263 g/km