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Produção de conteúdos dirigidos ao grande público. Tem como actividade principal a realização de ensaios a veículos de diferentes marcas e a divulgação de notícias sobre novos modelos ou versões.
Baixo Custo
A razão principal do seu ressurgimento no mercado nacional será mesmo oferecer um utilitário low coast, expressão inglesa cada vez mais em voga que significa tão só o que o título desta peça indica?
Os franceses olharam para a sua gama de veículos ligeiros e entenderam que nalguns mercados existia espaço, entre o pequeno 107 e o novíssimo 207, já que este está disponível somente a partir da motorização 1.4 a gasolina.
Recorramos à tabela de preços em Portugal para entender melhor a ideia: o Peugeot 107 1.0i de cinco portas mais barato custa, com equipamento base e sem incluir despesas de legalização e transporte, cerca de 10500 euros; nas mesmas condições, o 206+ 1.1i (portanto com um motor mais potente), sem fazer comparações de equipamento, onera apenas mais 500 euros, enquanto que o 207 1.4i, do mesmo “campeonato” mas obviamente com “mais” motor, tem preços que começam nos 14100 euros, 3000 euros acima.
No segmento, isto é dinheiro. Para particulares mas não só, porque existe também interesse nas frotas comerciais de empresas, sejam elas de rent-a-car ou não.
Além de que não se trata apenas de um carro antigo que voltou. Mantém uma linha actual que goza ainda de alguma popularidade, continuando a ser fabricado para mercados menos exigentes (nomeadamente da América Latina mas não adianta usar o facto como argumento de comparação) e que vem com ligeiros melhoramentos face à gama que entretanto o 207 substituíra.
Barato ou não, eis…
Por estas razões e mais algumas, a marca repudia a ideia de se tratar simplesmente de um modelo de baixo custo. Produzido em França como se de uma nova geração se tratasse, face à anterior distingue-se por uma nova frente (capot, guarda-lamas, pára-choques dianteiro, grelha e faróis), tampões e novos pára-choques e farolins traseiros que o aproximam da imagem do 207. Mantém a silhueta intemporal e inconfundível, ainda mais jovem, provocante na frente mergulhante e na tomada de ar generosa (aliam-se mais duas novas no capot) e continua a fintar-nos de modo desafiador.
É óbvio que o desafio é bastante limitado pelas capacidades de um motor que se quer principalmente económico, com intenções ambientais e desenvoltura bastante pacata. Este 1.1, cujo bloco conta já com muitos anos de bons e leais serviços ao grupo, tem sido alvo constante de actualizações que lhe conservam uma das suas principais características — a moderação de consumos — mas começa a tornar-se difícil o desígnio perante um carro mais pesado do que o anterior. Dado que a gestão do motor foi alterada por forma a garantir o cumprimento de normas ambientais, não se esperem grandes milagres do seu desempenho e por isso… relaxe.
Relaxe até porque o conforto, para um utilitário, é muito bom. O espaço interior não abunda e continua a beneficiar os lugares dianteiros, a mala surge maior (245 l) devido à ausência de um pneu de reserva (substituído por kit anti-furo) e os assentos dianteiros são bastante confortáveis. A suspensão macia absorve correctamente as irregularidades e se por causa disso o 206+ parece balançar um pouco em curva, o ligeiro aumento das vias, melhorou-lhe o comportamento.
Até porque, não se esqueça, este é um carro para grandes… economias!
PREÇO, desde 10990 euros
MOTOR, 1124 cc, DOHC, 8 V, 60 cv às 5500 r.p.m., 94 Nm às 3300 rpm
CONSUMOS, 8/4,5/5,7 l (cidade/estrada/misto)
EMISSÕES CO2, 135 g/km
Enquadramento histórico
Os automóveis low coast não são uma novidade. Antes que alguém refira que os japoneses foram os primeiros a inventá-los para a Europa, lembro que Hitler desejou um carro até 1000 marcos (projecto que daria origem ao VW) e Henry Ford revolucionou toda a indústria mundial, no inicio do século passado, com o seu Ford T.
Nos tempos mais recentes e principalmente depois do fim da guerra-fria e da queda do Muro de Berlim, começaram a surgir modelos mais baratos provenientes de marcas ai existentes, tendo por detrás grandes construtores como a VW ou a Renault, por exemplo. O objectivo, nesse caso, era oferecer um produto que concorresse com uma nova vaga de veículos que então começava a chegar de oriente, desta feita de construtores coreanos.
Os tempos mudam e hoje são mesmo alguns desses construtores asiáticos a estarem por detrás de outros novos projectos que a seu tempo irão chegar à Europa, oriundos de países com a Índia e, claro está, a China.
O 206 é o modelo mais vendido de sempre pela Peugeot, acima de cinco milhões de unidades produzidas, destronando o 205. Dois factores contribuíram decisivamente: a estética e o comportamento. Um interior agradável à vista, beneficia no “+” de um painel de bordo redesenhado mas que eventualmente merecia materiais menos rígidos e com melhor aspecto.
Portugal recebe carroçarias de 3 e 5 portas e, além deste motor, está disponível o diesel 1.4 HDi com 70 cavalos e preço em torno dos 17 mil euros. Há uma versão comercial desta última versão.