Ecológico q.b.
A componente ambiental da versão é garantida pela moderação dos consumos, mas isso acaba por se reflectir bastante no seu desempenho dinâmico.
Tomei pela primeira vez contacto com este pequeno monovolume coreano, numa versão equipada como motor a gasolina 1.4 que, por razões sobejamente conhecidas, não será a mais apelativa para o mercado nacional.
Só agora me foi dada a oportunidade de ensaiar a variante mais económica de um novíssimo motor diesel do poderoso grupo Hyundai (actualmente 4.º ou 5.º a nível mundial), do qual a Kia faz parte. Trata-se de um pequeno bloco 1.4 que, na versão de 75 cv (existe uma outra com 90 cv) e dotado de tecnologia "stop & go", pneus de baixo atrito e indicador da mudança mais correcta para o momento, tem como objectivo assumido garantir baixos consumos e reduzir as emissões poluentes.
Ora se pelo menos para efeitos fiscais esse desígnio foi cumprido, em termos práticos, mesmo praticando uma condução mais defensiva, é difícil senão mesmo impossível, conseguir cumprir os consumos anunciados pelo fabricante.
Em grande parte porque uma caixa de cinco velocidades longa obriga a constantes trocas para evitar perder ritmo de andamento. Esta versão do Venga não é propriamente despachada e quando lotado necessita de algum espaço para atingir alguma desenvoltura em estrada.
Papel duplo
Em contrapartida, e isso já constatara na versão a gasolina, o Kia Venga está a meio caminho entre um utilitário e um monovolume médio. Não sendo muito longo mas valendo-se de uma largura aceitável, o espaço proporcionado na parte traseira surpreende pela positiva, com a capacidade da mala a superar os 500 litros graças à possibilidade de movimentar o assento traseiro.
Por todo o habitáculo há grande preocupação num aproveitamento correcto do espaço, oferecendo também alguns extras bastante jovens e actuais como entradas auxiliares de som. Boa qualidade de construção, uma disposição racional dos comandos, ergonomia, funcionalidade e uma certa jovialidade, são algumas características do seu interior.
Em matéria de comodidade há que referir uma insonorização aceitável e uma suspensão razoavelmente bem equilibrada entre as necessidades de conforto e as exigências do comportamento. O Kia Venga – e esta proposta em particular – é um carro pleno de duplicidades: na economia, em termos de preço e de consumos, e na função, pois tanto se revela competente nas funções de um citadino, como capaz de assumir um papel mais familiar graças ao espaço e versatilidade que proporciona.
PREÇO, desde 18300 euros MOTOR, 1396 cc, 75 cv às 4000 rpm, 220 Nm das 1750 às 2750 rpm, 16V CONSUMOS, 5,2/4,0/4,5 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES, 118 g/km de CO2
Maior por dentro do que à primeira vista parece por fora, o Kia Venga é a mais recente aposta para o segmento dos monovolumes compactos de uma cada vez mais surpreendente Kia. Para quem julga tratar-se apenas de mais um citadino, esclarece-se que, apesar dos seus pouco mais de quatro metros de comprimento, o Venga oferece largura bastante e uma conjugação de espaço interior capaz de surpreender os mais cépticos.
A qualidade de construção, sem deslumbrar, aparenta solidez e cuidado nos acabamentos. E tanto pela ergonomia dos comandos como pela quantidade e forma dos compartimentos interiores, este Kia demonstra um cuidado aproveitamento do espaço e uma vontade de tornar fácil e acessível a sua condução.
Traz com ele um conjunto de soluções tecnológicas a que a marca já nos habituou, como entradas para fontes de som extra e será mesmo possível optar por um tecto panorâmico duplo, em vidro.
Artifício inteligente
Os assentos, colocados em posição elevada, ajudam a incrementar a sensação de desafogo, porque as pernas precisam de menos espaço e os pés encaixam-se melhor por debaixo dos bancos dianteiros. A altura a que os ocupantes se encontram contribui para acentuar a impressão de adorno em curva, apesar de dispor de uma suspensão mais firme que nem sempre consegue disfarçar as irregularidades da estrada.
A capacidade da bagageira varia entre os 314 e os 570 litros, devido ao facto de os bancos traseiros (assimétricos) correrem sobre calhas ao longo de 13 cm. A mala, simples e sem bolsas laterais, oferece tomada de corrente e duas posições para colocação da chapeleira, o que ajuda a nivelar o piso quando se rebate o banco traseiro. A versão ensaiada não dispunha de pneu suplente, somente de um "kit" de reparação.
Condução prática
Apelando a uma condução bastante fácil e muito – mas mesmo muito – prática, o Kia Venga está disponível a partir de cerca de 16 mil euros com um motor a gasolina de 90 cv. Este conjunto mostrou sempre muita desenvoltura, mesmo quando em lotação máxima, embora com alguma natural relutância perante percursos inclinados. É possível estabelecer médias de estrada em torno dos 6,5l, embora na cidade estas ultrapassem facilmente os 8,0 litros, apesar do sistema "stop & go" e de se cumprirem as indicações constantes no painel de instrumentos, aconselhando a mudança mais correcta para o momento. Gostei particularmente do funcionamento da caixa de velocidades, bem sincronizada, e de uma direcção leve, bastante cómoda em manobra. No que respeita à visibilidade, há que ter em conta dois aspectos: uma dianteira abrupta que às vezes engana e uma largura até aos espelhos pouco habitual nesta classe.
PREÇO, desde 16000 euros MOTOR, 1396 cc, 90 cv às 6000 rpm, 137 Nm às 4000 rpm, 16V CONSUMOS, 6,8/5,3/5,9 l (cidade/estrada/misto) EMISSÕES POLUENTES, 136 g/km de CO2
Oferta nacional
Outro motor com cilindrada semelhante e potências de 75 (5 velocidades) ou 90 cv (6 vel.) reclamam uns mais apetecíveis 4,5 l de média no consumo... de gasóleo. Mas para lá chegar há que acrescentar 2000 ou 3000 euros, consoante a versão. É preciso contudo realçar que englobam mais algum equipamento, sendo que a variante mais cara (TX) já contém pneu suplente, embora fino.